domingo, 8 de maio de 2011

Essas coisas que dizem que mãe é mãe, mas a minha é única

Dizem que mãe é tudo igual, só muda de endereço. Que muito provavelmente existe um manual secreto que elas dividem em algum momento da vida. Digo isso pelas incríveis semelhanças que os filhos e filhas identificam quando compartilham suas histórias particulares e únicas. E no final rimos das coincidências e professamos: mãe é mãe...

Não sei muito bem se isso é totalmente verdadeiro. Na verdade, claro que não é. Eu que sou apenas filha, tenho um olhar sobre a minha mãe que só eu tenho e que difere até mesmo dos meus irmãos que beberam na mesma fonte. Isso inclusive sempre alimenta aquelas velhas queixas e acusações sobre quem é o mais queridinho da mamãe. E isso vale para irmãos na faixa dos 10, 15, 20 ou 40 anos!!

As relações nem sempre são simples, fáceis. Há fases melhores que outras. Em alguns momentos as idéias e visões de mundo parecem inconciliáveis, em outros a gente chega a conclusão que estamos ficando velhos e mais parecidos com nossos pais. Quando não, aquele velho sermão de mãe é resgatado pela memória e em um misto de irritação acabamos sucumbindo a percepção de que talvez ela estivesse certa.

De qualquer forma, essa mulher que aprendemos a chamar de mãe tem algo que pra nós é único, seja quando ela no faz sentir no céu ou no inferno. E não me iludo que um dia vou entender essa mulher que tanto amo. Nem mesmo se algum dia eu cruzar a linha e me bandear para o grupo ao qual ela pertence e me pegar dizendo frases e fazendo coisas que muitas vezes me tiraram do sério.

É... mãe pode parecer tudo igual, com as mesmas frases, pragas e sermões, com o amor além da própria vida, com sua vida que muitas vezes parece uma panela de pressão sempre pronta a explodir, cheia de lágrimas de crocodilo e drama queens fantásticas, mas, apesar de todas essas evidências, a minha pra mim continua sendo única.

Te amo mãe, ontem, hoje e sempre.

E um feliz dia das mães para todas as mães únicas.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Coisas da infância ou pode chamar de puro saudosismo

Num passado não “tão distante”, perdido lá pelos idos da minha infância e pré-adolescência, perto de casa tinha um supermercado: o Jumbo Eletro. O estacionamento não tinha grades ou cancelas, era livre acesso a quem quisesse passar por lá a qualquer hora do dia ou da noite. Um tempo em que os supermercados não abriam aos domingos e, sendo assim, o estacionamento era todinho nosso! Era lá que os pais levavam seus filhos para aprender a andar de bicicleta. Era lá que a gente brincava, andava de skate, jogava futebol. Era lá que muita gente do bairro se encontrava nos domingos ensolarados, transformando o estacionamento do Jumbo numa extensão da Praça Oscar logo em frente.

Mas, como dizem por aí, São Paulo é uma cidade mutante e seus bairros crescem e se transformam. O Jumbo fechou suas portas para tempos depois dar lugar a uma enorme concessionária de carros. Iniciava-se assim uma nova era: a das grades e dos carros. Com tristeza vi desaparecerem com ele as bicicletas com rodinhas, os jogos de futebol, as quedas de skate, os meninos com suas façanhas para impressionar as meninas e os domingos ensolarados ficaram restritos à pracinha.

Mas, como também dizem por aí, o tempo não para...hoje em dia o lugar voltou a ser um supermercado, no seu estilo mais contemporâneo, com lojas adicionais, praça de alimentação, estacionamento coberto, verticalizado e bem fechadinho. Afinal, para que ter espaços amplos e ociosos? Hoje, fui até lá fazer umas comprinhas básicas para o lar e dentro daquele espaço marmorizado, no meio de gôndolas, prateleiras, caixas, esteiras rolantes, refrigeradores, um túnel do tempo me sugou de repente e me peguei vislumbrando as bicicletas com rodinhas, os circuitos improvisados de bicicross e de skate, os meninos impressionando as meninas, as “reuniões” de planejamento para o próximo bailinho. Após alguns minutos, abandonei o saudosismo que baixou em mim e voltei pro meu hoje e agora queixosa do preço absurdo da quinoa...

sábado, 18 de setembro de 2010

Coisas de momentos

Hoje ao tirar fotos da minha mãe com cabelos ao vento lembrei-me de duas das ocasiões em que estive na mesma situação só que do lado de lá. Pensei imediatamente que devo sofrer de uma síndrome de cachorro ao vento. Sabe aquelas cenas em que se vê cachorros com a cara de fora da janela dos carros, curtindo um ventinho? A carinha deles parece dizer que aquilo sim é um estado de felicidade, de prazer... Acho que é por isso que dizem por aí que a felicidade tá na cara!

E é exatamente isso o que penso quando vejo duas seqüências de fotos minhas em momentos bem distintos.

Tá na cara que eu estava simples e completamente feliz nesses dias.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Coisas da serenidade

Dias atrás li um post do Miguel Vale de Almeida no facebook recordando uma fala de seu pai que dizia: “Tudo se há de resolver”. Ou seja, tenha confiança que sempre há uma solução. Isso me fez recordar algumas das aulas que tive sobre meditação onde eu percebi que muito do sentimento de confiança estava relacionado a um estado de serenidade. Há quem diga por aí que serenidade é passividade, não-ação. Mas acredito que não seja isso não. Creio que seja mais a manutenção de um certo equilíbrio, tranqüilidade que permita avaliar nossos próprios sentimentos e pensamentos sem ecos ou ruídos. Mesmo que estes aflorem de maneira desordenada, sem qualquer lógica aparente, conseguiríamos vê-los mais claramente sem aquela urgência gritante que a nossa própria angústia e ansiedade promovem.

Eu já pude observar esse tipo de serenidade em algumas pessoas. Ah...e como eu já as invejei! Até que nas aulas de meditação, o professor falou da importância da respiração para atingir um estado mais sereno. Respirar era preciso. Respirar pro-fun-da-men-te. Qualquer turbilhão de sentimentos poderia ser atravessado ou amenizado com ajuda de um respirar.

Um aprendizado que levo comigo até hoje e que tenho procurado exercitar. Não, ainda não reconheço em mim aqueles que um dia invejei. Mas percebo que isso muito já me ajudou a ter aquela confiança que falava o pai de Miguel de que “tudo se há de resolver”.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Coisas que se perderam

Alma Perdida
(Florbela Espanca)

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente…
Talvez sejas a alma, a alma doente
D’alguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste… e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh’alma
Que chorasse perdida em tua voz!…

sábado, 11 de setembro de 2010

Coisas que Salvador me deu 1

- A Ilha logo alí
- Ir e voltar do trabalho conhecendo os humores do mar
- Bolinho de estudante
- O cortejo da lavagem do Bonfim: onde se é abençoada com água benta, água de cheiro e banho de pipoca
- Almoços em família na casa de Guara
- São Lázaro
- o pôr do sol no Farol da Barra
- A travessia do Ferry Boat
- A Jam no MAM
- Diálogos soltos na rua com completos estranhos
- Feijoada Baiana
- Oferendas para Iemanjá
- Alfazema e coentro para todos os lados
- Pão delícia
- As caminhadas do Porto da Barra ao Largo da Mariquita
- Vestidos, muitos vestidos
- Cocada mole
- Minha primeira reunião de condomínio
- Meu primeiro concurso para professor universitário
- Frio com 23 graus!
- Ruas que são escadarias
- Olhares perdidos no horizonte
- Abará
- Licor de jenipapo no São João
- Amigos batalhadores e carinhosos
- Minha diversão com a cara dos amigos que descobrem que o Elevador Lacerda não é panorâmico!
- Shows de verão no Porto
- Lambreta

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Coisas engasgadas

Receita de Ana Carolina para desengasgar a alma: cante errado!
Por isso que com minha mais sublime voz de taquara rachada

Quando fico triste, toco o violão
Mas não é por causa dele que eu to triste não
Eu só toco pra por no lugar
A tristeza que tenta ficar
Num canto errado do meu coração

Eu canto errado, eu canto bem
Errado pra fazer sorrir quem gosta dos meus erros
Eu quero bem

Quando tô contente, toco meu pandeiro
Mas não é por causa dele que eu rio
O dia inteiro
Eu só toco pra por no lugar
A alegria que teima ficar
Num canto errado da minha canção

Eu canto errado, eu canto bem
Errado pra fazer sorrir quem gosta dos meus erros
Quero bem


(Canto errado – Ana Carolina)