sábado, 4 de setembro de 2010

Coisas da cegueira

Já escutei muito por aí que as vezes a gente olha mas não vê. Por ignorância, rejeição ou conveniência, eita palavrinha que me tá engasgada, mas enfim, por uma dessas coisas o olhar se condiciona a desfocar a realidade influenciando a forma como ela é percebida. Dizem por aí que é o danado do véu de maya. Uma vez ou outra esse véu vai ao chão e a realidade nua e crua se revela...saber lidar com isso é que é fogo!

E como é triste constatar que há pessoas que te olham, mas não te vêem. Estão tão perto, mas tão longe para ver quem você é. É duro constatar que a cegueira é a palavra de ordem e não a exceção.

Cegueira Bendita
(Florbela Espanca)

Ando perdida nestes sonhos verdes
De ter nascido e não saber quem sou,
Ando ceguinha a tatear paredes
E nem ao menos sei quem me cegou!

Não vejo nada, tudo é morto e vago…
E a minha alma cega, ao abandono
Faz-me lembrar o nenúfar dum lago
´Stendendo as asas brancas cor do sonho…

Ter dentro d´alma na luz de todo o mundo
E não ver nada nesse mar sem fundo,
Poetas meus irmãos, que triste sorte!…

E chamam-nos a nós Iluminados!
Pobres cegos sem culpas, sem pecados,
A sofrer pelos outros té à morte!

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